Estavam juntos há muito tempo. Décadas e décadas de amor, paixão, brigas, filhos, netos, consideração, respeito, carinho, compreensão. Já tinham vivido por volta de 65 anos, o mesmo valor da soma das idades de seus dois filhos. Conheciam a vida e suas reviravoltas, sua ironia, o que a movia.
Tendo tal conhecimento eles caminhavam pela rua, voltando pra casa após andar quatro quarteirões, como a médica havia recomendado para iniciar o tratamento. Eles até conseguiriam aguentar mais, mas para quê? Afinal o jornal e a novela já estavam começando.
Eram sagazes, porém não mais tão ágeis como antigamente. Se aproveitando desta situação, um ladrãozinho passou correndo e agarrou a bolsa da senhora, que a tinha pendurada no ombro frágil. Vendo a mulher ser violentada, assaltada e chocada, o senhor reuniu toda a força que lhe restava, bem assim como sua determinação, e pôs-se a perseguir o assaltante. Não conseguindo alcança-lo devido a grande diferença de idade, ele se sentou no meio-fio e levou as mãos ao rosto.
Sua esposa de longa data veio atrás, com passos leves, e colocou a mão sobre seu ombro, ele a olhou e seu rosto estava molhado. Ela o mandou levantar sem palavras, e assim ele fez. E com isso, ela jogou os braços por cima dos ombros e o beijou de leve nos lábios, para então falar olhando fixamente em seus olhos: Te amo.
10 de outubro de 2007
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4 comentários:
Se não serviu para ilustrar o amor, deu um bom conto, pelo menos. =)
Putz, coitada da velhinha! Além de tudo ainda foi ela que consolou o marido, hehehe!
Ai que dó que eu fiquei do velhinho! Dele não ter podido proteger a mulher dele.. Senti a dor dele! =/
Mas mesmo assim gostei, foi um conto.. Ahn.. Como digo.. Amável =D
Rhod, tem um selinho para vc lá no aritmante, ok? beijos!
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