26 de outubro de 2007

Owned

Hoje eu posso dizer que tive um dia ownado. Prestem atenção na "situation" do rapaz aqui:
Botei aparelho ontem, certo? Acontece que a dentista que fez o trabalho, não soube fazê-lo direito, e deixou para fora um pedaço do fio metálico que agora circundeia a minha arcada dentária.

Esse fio, porém, começou a me incomodar hoje de manhã, e tive que lidar com ele o dia inteiro. Sabe quais são os resultados? Muita dor de cabeça, e um lado interno da bochecha cheio de feridas e sangue. Agora tenho um algodão lá para separá-los.

Bem, além do fio solto, também tenho um problema sério na coluna, que pegou forte hoje. Ó dia

Enfim, não é sobre isso que quero falar neste post. Quero fazer uma proposta, a qual será comentada lá para o fim. Antes, teremos a outra parte da minha história owned.

Fui à praia. Eu e mais um grupo de amigos fomos tocar violão. Não, eu não toco. Não tenho capacidade, mas fui prestigiar e cantar (mal). Antes de ir para o ponto de encontro, passaria na casa de uma amiga para ir com ela e com outra amiga que também estava lá. No momento de me trocar, pensei logo numa bermuda e numa camiseta clara e folgada. Porém fiquei meio indecido quanto ao que calçar. Obviamente, chinelos seria a opção mais conveniente, todavia meus pés não toleram chinelos, ficando todos massacrados depois de usá-los.

No fim das contas prefiri o chinelo ao tênis, não sei o porquê. Dois minutos de caminhada e meus pés já doíam. "Pronto, já era." pensei. Mas como estava atrasado, ignorei e segui reto teimosamente. Só piorei a situação. Ao chegar na casa da minha amiga, parte do meu pé direito estava em carne viva. Fui o resto do caminho descalço para não piorar.

Ok, curtimos a praia, eu em parte, por culpa do aparelho deifeituoso. Suei, e juntei o suor à sujeira da rua (eu havia ido descalço) e à tudo que a praia tráz. Estava imundo, impuro.

Ficamos um tempo na casa de uma outra amiga, onde eu me frustrei pois o ferrinho entrou na minha carne e fez altos caminhos lá dentro, os quais eu tive que me desdobrar para desfazer, e fomos. Peguei carona até a casa dessa amiga que eu tinha ido pegar mais cedo, e de lá vim a pé. Tentei vir de chinelo primeiro, pois já era mais ou menos tarde e tudo o mais... Mas só fiz piorar, o pé esquero agora tbm estava em carne viva. Mais uma vez vim descalço. Descalço, mancando, sujo, com uma bolota de algodão dentro da boca, coisa que as pessoas provavelmente pensavam que era caxumba, e tentando estalar os ombros de 15 em 15 segundos... Estava gatinho.

Porém, o que me levou à criação dessa campanha foi ver pendurado em cabos elétricos um par de tênis Nike ou Adidas, não me lembro, quase do meu tamanho. Naquela altura do campeonato eu já não me importava mais se um tênis fosse 32 (calço 43), eu punha no pé, nem que tivesse que usar como salto alto. Enfiar meu pé, pelo menos a parte fronterior, dentro de um tênis e não ter que andar descalço era tudo o que eu queria... Mas não! o desgraçado tinha que ter dados um nó nos cadarços e jogado no poste. Idiota.

Por isso que elaborei uma proposta: Próxima vez que for fazer algo estúpido como jogar um par de tênis no fio elétrico, não faça. Deposite os calçados numa caixa. Alguém pode precisar deles.

P.S.: Ah, para quem não sabe, owned = se ferrou ou ferrado e ownado = ferrado.

10 de outubro de 2007

Amor

Estavam juntos há muito tempo. Décadas e décadas de amor, paixão, brigas, filhos, netos, consideração, respeito, carinho, compreensão. Já tinham vivido por volta de 65 anos, o mesmo valor da soma das idades de seus dois filhos. Conheciam a vida e suas reviravoltas, sua ironia, o que a movia.

Tendo tal conhecimento eles caminhavam pela rua, voltando pra casa após andar quatro quarteirões, como a médica havia recomendado para iniciar o tratamento. Eles até conseguiriam aguentar mais, mas para quê? Afinal o jornal e a novela já estavam começando.

Eram sagazes, porém não mais tão ágeis como antigamente. Se aproveitando desta situação, um ladrãozinho passou correndo e agarrou a bolsa da senhora, que a tinha pendurada no ombro frágil. Vendo a mulher ser violentada, assaltada e chocada, o senhor reuniu toda a força que lhe restava, bem assim como sua determinação, e pôs-se a perseguir o assaltante. Não conseguindo alcança-lo devido a grande diferença de idade, ele se sentou no meio-fio e levou as mãos ao rosto.

Sua esposa de longa data veio atrás, com passos leves, e colocou a mão sobre seu ombro, ele a olhou e seu rosto estava molhado. Ela o mandou levantar sem palavras, e assim ele fez. E com isso, ela jogou os braços por cima dos ombros e o beijou de leve nos lábios, para então falar olhando fixamente em seus olhos: Te amo.

9 de outubro de 2007

Tinha sua mochila nas costas, e escutava música enquanto andava pelas praças da cidade, um dos fones de ouvido caído sobre seus ombros. Ele parou sua caminhada, olhou em volta, respirou fundo para sentir os ares da cidade entrarem frios pelo pulmão e olhou em volta novamente. Sensação de liberdade.

Estava mais velho agora, e como velho, me refiro a maturidade, e não apenas números sem sentido. Não se fica mais velho somente por apagar um bando de velas em cima de um bolo. Se fica mais velho com independência, auto-sustentabilidade, com asas, antes mantidas escondidas, e agora prontas para voar o mais alto e longe possível.

Junto com ele estavam alguns poucos amigos, amigos de verdade, não aquelas pessoas que se atura para ser sociável. Quando consideraram que haviam explorado Paris o suficiente para um primeiro contato, eles se dirigiram a uma hospederia que parecia barata. Como era o único ali que falava um pouco de francês, ele se aventurou e pôs em prática seu ano e meio de curso. Pediu por um quarto, o mais em conta que tivesse, e tentou organizar um meio para que todos os mochileiros pudessem dividi-lo, para poupar despesas. Com tudo organizado, pagaram com o dinheiro que haviam conseguido em Madrid e sairam pela cidade. Agora já tinham aonde voltar a noite.

Andaram um pouco mais, para conhecer melhor a cidade-luz e partiram em busca de um bico que os ajudasse a seguir o caminho pela Europa. Santo Euro! Pelo resto da semana, e talvez um pouco mais, teriam tempo o suficiente para se acostumar e se afeiçoar por Paris... Ah! Liberdade.